Ao adentrar ao templo o umbandista deve se ajoelhar e fazer o sinal da cruz no chão com as costas das mãos. Faz com as costas das mãos por ser a parte mais limpa da mão e faz no chão para ser obrigado a ajoelhar-se ou curvar-se ao sagrado. No momento em que faz este gesto o Umbandista deve dizer: “Eu saúdo a Olorum (Deus), o alto, embaixo, direita e esquerda de todos que guardam e regem este templo. E peço licença para entrar neste templo por seu lado sagrado.” Isto pode ser dito mentalmente. Ao sair do templo deve se postar de frente ao altar e cruzar o chão mais uma vez.
Como saudar a esquerda:
Toque o chão três vezes ou bata as costas de suas mãos três vezes em sentido a tronqueira dizendo mentalmente “salve todos os exus e pomba giras deste templo lhes peço força, proteção e licença para entrar neste templo pelo seu lado sagrado.” A esquerda representa todos os guardiões e guardiãs que trabalham nas forças e mistérios de vibração à esquerda dos Orixás. Na Umbanda os chamamos de Exu e Pomba Gira. Estes gestos devem ser feitos tanto ao chegar quanto ao sair do templo.
Curiosidade: Tocar o solo sagrado três vezes: por que fazemos isso?
Tocar o solo sagrado três vezes quando se entra em um Terreiro de Umbanda, antes de adentrar o congá ou em frente à tronqueira é um ritual comum em muitas Casas.
Dentre as explicações, consta que na África o conhecimento era passado oralmente, pois acreditava-se que não havia necessidade de registrá-lo através da escrita.
O fato de não saber escrever, nesse caso, não era sinônimo de analfabetismo, atraso ou restrição na comunicação entre os habitantes de uma nação. Até porque a palavra falada era instrumento perfeito para a perpetuação da sabedoria ancestral. O conhecimento e os testemunhos da vida eram, então, passados a todos, oralmente, de uma geração às subsequentes.
Então, alguns gestos, palavras ou rituais relacionados ao sagrado foram preservados através da palavra falada. Quando os negros africanos chegaram ao Brasil, trouxeram consigo toda sua sabedoria ancestral, formas de lidar com o sagrado, assim como o amor pela terra Mãe. Por isso que, para entendermos o significado de algumas palavras ou gestos necessitamos retornar aos anciãos e à África.
Exemplo disso é tocar o solo sagrado três vezes com os dedos antes de entrar no Terreiro.
Para os nagôs, o universo se dividia em nove planos, sendo quatro superiores e quatro inferiores. O planeta Terra se localizava justamente no plano intermediário, sendo chamado de plano astral terrestre.
Através desse espaço chegavam à Terra os Orixás e os ancestrais vindos dos outros planos. Os nagôs entendiam que os Orixás e os ancestrais surgiam de dentro da Terra. Assim, após a invocação de um Orixá ou ancestral eles batiam três vezes no solo. Então, o gesto de tocar o solo sagrado três vezes significa o “assim seja” dos espíritas ou então “cumpra-se” aquilo que foi determinado pelos sagrados Orixás.
Esse procedimento também é repetido no solo na frente dos atabaques e/ou da curimba. Pelas batidas dos atabaques, através da magia do som na Umbanda, os filhos da Terra pedem ajuda, “chamando” os falangeiros, os ancestrais ou os Orixás para que “desçam” para socorrê-los.
Como a Umbanda é uma religião dinâmica, há também registros de outros significados para esta ritualística.
No Terreiro de Umbanda Vovó Benta, localizado em Curitiba (PR), consta no regimento interno, destinado aos médiuns da Casa, o seguinte item:
“Ao entrar no Terreiro propriamente dito (área de Gira), com o dedo anelar da mão direita, deve-se bater três vezes no chão (formando um triângulo), pedindo licença e permissão para entrar no Terreiro e em seguida bater o dedo três vezes na cabeça, primeiro entre as sobrancelhas (fronte), depois acima da orelha (lóbulo parietal) e por último no final da cabeça, início da nuca (lóbulo occipital), com o objetivo de harmonizar os planos físico, perispírito e espírito.”
É certo que o ato de tocar o solo sagrado três vezes em um Terreiro de Umbanda tem outros significados e justificativas ritualísticas.
O mais importante, contudo, é o respeito, este sim um aspecto em comum entre todos.