7 Linhas de Umbanda: São 7 Orixás?

Origem e Contexto

Em 1933, Leal de Souza publicou o livro Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda, a primeira obra a descrever a religião de Umbanda. Desde o início, o conceito das 7 linhas foi objeto de estudo e base para aqueles que buscavam compreendê-la. Souza tentou definir a Umbanda e delinear seu futuro como uma “linha branca de umbanda de demanda”.

Diamantino Trindade, no livro A Construção Histórica da Literatura Umbandista, destacou que o número 7 é significativo desde a fundação da religião, simbolizado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. O espírito fundador, Senhor das Sete Encruzilhadas, estabeleceu a religião com base nesses sete caminhos, conhecidos como as Sete Linhas de Umbanda.

Compreensão das Sete Linhas

Em uma aula, Alexandre Cumino narra que, quando Pai Zélio de Morais foi questionado por Pai Ronaldo Linares sobre o significado das 7 Linhas, ele comparou as Linhas a um prisma que, ao ser atingido por um raio de sol, cria um arco-íris. As Sete Linhas de Umbanda, segundo Zélio, são semelhantes a essa dispersão da luz branca em sete cores, refletindo a força e irradiação de uma energia maior.

Cumino explicou que as Sete Linhas não se limitam a sete orixás, cores, elementos ou santos. Elas representam as sete vibrações de Deus, um conceito mais abrangente e universal, recentemente fundamentado por Rubens Saraceni. As Sete Linhas incluem todos os Orixás, conforme Saraceni argumentou em sua obra.

Sete Linhas Corretas?

Desde a fundação da Umbanda, muitos tentaram definir as sete linhas corretas. Leal de Souza as identificou como Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Iansã, Yemanjá e a Linha de Santo ou das Almas. Durante o Primeiro Congresso de Umbanda, em 1941, houve muitas discussões sobre a definição das Sete Linhas.

A publicação do livro As Sete Linhas de Umbanda em 1997, psicografado por Rubens Saraceni, ajudou a unificar a compreensão dessas linhas. Saraceni apresentou a ideia de que as Sete Linhas são as sete essências básicas emanadas do Criador, permeando todas as esferas e dimensões da vida.

Orixás na Umbanda

A incorporação dos Orixás na Umbanda é um fenômeno complexo. Segundo Rubens Saraceni, os Orixás Maiores, que são individualizações de Deus, regem todas as faixas vibratórias e sustentam o universo. Esses seres divinos não se incorporam, mas seus intermediários, chamados Orixás Intermediários, fazem parte de uma hierarquia ligada a um dos Orixás Maiores.

Esses Orixás Intermediários, pertencentes ao mesmo estágio da vida que nós, incorporam-se nos médiuns, comunicando-se por gestos e sons monossilábicos. Eles vivem em uma dimensão energeticamente pura e estão em contato direto com os mistérios de Deus. Cada intermediário conhece apenas a energia de um Orixá, diferentemente de nós, que recebemos a influência de todos os Orixás.

Conceito de Mediunidade

A mediunidade de incorporação na Umbanda é fluida, comparável a um rio, onde cada experiência é única. A experiência mediúnica na Umbanda ocorre predominantemente por meio da incorporação dos Guias/Mestres – espíritos humanos e/ou dos Orixás – seres naturais de outra dimensão.

A teogonia de Umbanda classifica os seres em Orixás Maiores, Orixás Fatorais, Divindades ou simplesmente Orixás, regendo todas as faixas vibratórias. Rodrigo Queiroz explica que a mediunidade cria uma conexão com esses seres de outra dimensão, permitindo uma interação com energias e sentidos nunca antes vivenciados.

Conclusão

As Sete Linhas de Umbanda representam as sete vibrações de Deus e não se limitam a um conceito fixo. Elas são universais, abrangendo todos os Orixás. A incorporação dos Orixás na Umbanda difere da incorporação no Candomblé, com cada tradição vivenciando essas manifestações de maneiras distintas. Na Umbanda, a experiência mediúnica é única e fluida, refletindo a complexidade e profundidade da religião.

 

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