O Inicio de Tudo
Caro leitor, eu poderia iniciar esta obra falando logo a princípio como nasce um terreiro de Umbanda que é o foco principal deste livro.
No entanto, não há como falar de uma organização espiritual sem antes falar da origem de tudo, não é mesmo?
Então resolvi explicar um pouco sobre a Coroa Planetária que nada mais é do que a estrutura de criação, a origem de tudo e de todos no universo.
Não existiria absolutamente nada no universo que conhecemos, sem uma Cúpula original de criação.
E quando falamos em Cúpula original de criação, estamos falando de Olorum (Deus) e de suas divindades Co-criadoras do Universo.
Deus é único, é interpretado e chamado de formas diferentes de acordo com a cultura religiosa dos diferentes povos existentes no planeta Terra.
Deus é conhecido em diversas culturas como Tupi, Adonai, Elohim, Jah, Om, Bel, Alá, Aum, Tao, Dyaus, Pitar, Braman, Ptha, Aton, Amon, Num, Yayê entre muitos outros nomes.
Na Umbanda, Deus é conhecido como Olorum que na língua yorubá significa Senhor do Céu.
Deus também é conhecido dentro da Umbanda como Zambi que na língua quimbundo e nagô significa Senhor de Todo o Poder ou como Olodumare que na língua yorubá significa Senhor Supremo de nosso destino, ou até mesmo como Tupã que significa o grande pajé ou o Deus do Trovão para os povos indígenas.
Olorum cria em si as divindades Co-criadoras do universo e de si os seres e as criaturas.
As criaturas que nascem do âmago de Olorum como uma centelha divina e inconsciente traçaram uma jornada evolutiva e por fim voltaram para ele de uma forma desperta e iluminada através da ascensão.
Como disse anteriormente Olorum é único! É o criador supremo de tudo e de todos. E as divindades que conhecemos como Orixás, nada mais são do que energias universais e cósmicas de Olorum que geram através de suas qualidades os sentidos da vida.
Então chegamos à conclusão de que a religião de Umbanda é monoteísta e não politeísta como muitos pensam, pois os umbandistas acreditam em um Deus único e têm os Orixás como divindades do criador que são sustentadores dos sentidos da vida, portanto os Orixás não são “Deuses”.
Podemos qualificar Olorum com sete qualidades dentro de tronos fatorais que são:
1º Fator cristalizador, trono cristalino;
2º Fator agregador, trono mineral;
3º Fator expansor, trono vegetal;
4º Fator equilibrador, trono ígneo;
5º Fator ordenador, trono eólico;
6º Fator evolucionista, trono telúrico;
7º Fator gerador, trono aquático.
Abaixo do criador Olorum, temos o trono planetário que cria sete fatores, dentro de sete tronos fatorais e as irradiações destes tronos serão absorvidas pelos tronos essenciais que vão gerar um sentido da vida.
Estes são os sete sentidos essenciais da vida, as sete qualidades divinas irradiadas por sete fatores, sete tronos e por quatorze Orixás.
Esta configuração não para por aí, já que esta estrutura forma os tronos essenciais, há também os tronos intermediários dos quais surgem pelo cruzamento entre cada um destes sentidos apresentados no organograma.
Tudo que conhecemos, vem desta base e de seus entre cruzamentos, como por exemplo, quando o trono da geração cruza energeticamente com o trono do amor temos uma nova divindade que assenta a geração do amor.
Nas questões materiais também podemos observar estes entre cruzamentos em todo o universo observável, como por exemplo, um simples trevo que é uma planta pertencente ao reino vegetal, e, sabemos que o vegetal pertence ao fator expansor do conhecimento que é de Oxóssi, porém suas folhas têm o formato de um coração sendo uma forma do fator agregador do amor de Oxum, então temos em um simples trevo um entre cruzamento entre Oxóssi e Oxum.
E nestas estruturas energéticas universais e cósmicas tudo que é criado por Olorum recebe das divindades sua energia particular e seu sentido na vida.
Agora podemos entrar no contexto das Cúpulas de criação e entender melhor como estes espíritos no plano espiritual atuam e auxiliam na vida dos seres encarnados.
O Terreiro de Umbanda que é o templo sagrado dos umbandistas, tem em seu mistério sagrado, a irradiação de todos os sete sentidos da vida.
Cada religião tem seu nível evolutivo e uma regência principal que determina qual o campo de atuação do seu templo para com a sua região territorial na Terra.
As religiões têm grande importância em dimensões em processo evolutivo como a nossa. Já que servem como alavanca para tornar cada ser encarnado em uma pessoa melhor e com isso ascencionar estes espíritos que estão no caminho da luz.
A Cúpula de Criação
Centenas de anos antes do nascimento de um terreiro de Umbanda na terra, uma cúpula espiritual é formada para auxiliar na estruturação do projeto espiritual.
Toda esta estrutura espiritual é reunida da mesma forma como ocorre no planeta terra, quando uma ideia vem à tona, já é a inspiração advinda do plano superior.
Enganam-se quem pensa que no plano espiritual os acontecimentos são muito diferentes do plano físico.
Existem no plano espiritual, centenas de dimensões e todas estão em constante evolução, assim como no plano material.
O planeta Terra que também está em evolução, apresenta-se, hoje, em uma dimensão material em terceiro nível evolutivo, ou seja, em terceira dimensão (3D), dessa forma, os seres humanos encarnados vivem na terceira dimensão, em processo evolutivo, dentro de uma condição que chamamos de pluralidade dos mundos habitados em nível de “provas e expiações”.
No plano espiritual, os graus são inúmeros dentro de dimensões em escalas paralelas, verticais e horizontais que entendemos melhor como: O alto, o baixo, dimensões à direita e à esquerda.
Hoje, temos a física quântica que auxilia no entendimento destas dimensões e suas frequências, veja o gráfico abaixo para entender melhor:
Tudo no universo é energia e toda energia tem sua frequência de vibração.
Observando o gráfico, temos no alto a escala de um a sete, é bom esclarecer que a frequência/dimensão de número sete não é o limite, o gráfico é apenas um exemplo simplificado.
Temos em baixo da linha horizontal menos um a menos sete, com frequências paralelas, direita (azul) e esquerda (vermelho) com suas frequências positivas e negativas, assim como em cima e embaixo.
Vale a pena lembrar que estes aspectos “positivos!” e “negativos” não são representações de “bom” ou de “mal” e sim de frequência vibratória, assim como uma pilha, em seu aspecto geral, um item necessário para o funcionamento de vários equipamentos eletrônicos, tendo seu lado positivo e seu lado negativo em polaridade e não em bondade ou maldade.
É possível saber com lógica que estas dimensões de frequências vibratórias estão mais próximas aos encarnados, sempre em constante evolução. Estas dimensões terrenas têm uma estrutura similar à Pátria Espiritual e assim formam as Cúpulas de Criação, sob orientação das dimensões espirituais superiores.
Veja abaixo o organograma da “Cúpula Movimento Umbanda Astral” que deu origem à religião de Umbanda no plano físico e sua composição atual, com as linhas de trabalho e suas frequências vibratórias indicadas pelos números que representam os níveis vibratórios entre parênteses:
Repare que o círculo superior “Movimento Umbanda Astral” que é formado pelos espíritos que desenvolveram o projeto Umbanda para o plano físico, está em uma dimensão/frequência de mais seis, subindo as linhas de trabalho que compõem a cúpula, vem na sequência com uma frequência vibratória de mais cinco, a menos um.
A física quântica sugere que a cada nível que vemos no gráfico, aumenta sua frequência de vibração em polaridade positiva ou diminui em polaridade negativa de 1.024MHz a 1.024MHz por nível, como podem observar no gráfico, sendo assim, podemos calcular que a frequência de vibração de um caboclo ou de um preto velho é de 4.096MHz, já que 1.024 MHz multiplicado por quatro níveis dá este resultado frequencial.
Agora tudo fica mais fácil, o leitor poderá ver e interpretar como é formada uma Cúpula de Criação no seu formato estrutural.
Podemos comparar o nascimento de um terreiro com o nascimento de um ser humano. Primeiro vem a concepção da Cúpula, sob orientação do Plano Espiritual Superior, a seguir o desenvolvimento do embrião, cada célula vai se encaixando no seu devido lugar para a estruturação e formação do feto, e assim também é o nascimento de um terreiro.
Para ilustrar melhor a Cúpula de Criação de um terreiro, o leitor poderá analisar logo abaixo um organograma que será usado como exemplo neste livro.
Lembrando que esta Cúpula Espiritual deu origem aos terreiros em várias regiões, em diferentes polos. As mesmas entidades podem fazem parte de muitas Cúpulas utilizando da mesma identificação, já que fazem parte de uma mesma falange de espíritos (Agrupamento).
Cada projeto é individual e específico e geralmente é desenvolvido por uma Cúpula diferente da outra ou com alterações em determinadas partes na sua rede.
É bom lembrar também que muitos espíritos engajados na Alta Cúpula de Criação, nos dias atuais, não vêm mais para a terra, pois já ascenderam para dimensões mais altas ou estão com outros projetos espirituais mais elevados no momento.
Porém, não há dúvida que o leitor ainda possa observar, nos terreiros, identificações de entidades espirituais da Alta Cúpula que ainda se manifestam e venha questionar como isso é possível?
A resposta é simples, os espíritos com as mesmas identificações, nos dias atuais, são “falangeiros” dos espíritos da alta Cúpula e utilizam as mesmas identificações como etiqueta primária e também como demonstrativo do seu campo de atuação.
Vejamos o organograma a seguir para entender o posicionamento da Cúpula de Criação do terreiro que teremos como exemplo.
O leitor pode reparar que temos algumas divisões, o gráfico começa pelo responsável da formação desta cúpula: Pai Cacique, logo abaixo há os mentores espirituais que ajudaram neste processo ao lado de Pai Cacique que chamamos de Alta Cúpula de Criação, posteriormente temos o Pai Peri que ficou responsável pelo terreiro na Terra, logo depois aparecem os direcionadores que auxiliam Pai Peri e por último os mentores espirituais de sustentação e apoio espiritual que auxiliam toda a Cúpula de Criação na Terra.
Esta Cúpula de Criação foi formada por Pai Cacique com mais um grupo de entidades espirituais que encabeçam o projeto. Durante a leitura do próximo capítulo, o leitor poderá observar que existem muito mais entidades que fazem parte da Cúpula, porém não aparecem como cabeças do projeto, mas têm uma importância grandiosa nesta estrutura.
Algumas entidades da Cúpula de Criação trabalham em terra incorporada em seus médiuns, outras trabalham no plano espiritual e raramente incorporam. Muitas entidades já não incorporam mais em terra devido à sua frequência de vibração, pois não são mais compatíveis com o plano material, porém utilizam a estrutura da Cúpula para enviar as orientações das dimensões mais altas.
A Estrutura da Cúpula
Agora vamos entender a estrutura da Cúpula e como ela funciona para a criação de um terreiro no plano físico.
Vale a pena lembrar o leitor que a relação de parentesco entre os espíritos da Cúpula, que será apresentado nas próximas linhas, é apenas um comparativo mitológico para entendermos o grau de afinidade entre eles.
Seria o mesmo que afirmar que Xangô tem três mulheres, isso é apenas mitologia para que, nós, encarnados entendamos que Xangô que é uma energia universal da justiça divina, faz um par energético perfeito com Oroiná e também faz um par energético misto com outros Orixás entre cruzamentos.
Devemos entender que o grau de parentesco como conhecemos na terra, não existe entre estes espíritos e muito menos entre os Orixás, porém através de uma mitologia entendemos melhor a relação e o grau de proximidade entre estas forças espirituais.
Pai Cacique que está no topo do gráfico é quem formou esta Cúpula de Criação, sob orientação da Espiritualidade Maior (espíritos ascensionados), sendo assim, Pai Cacique é o diretor espiritual da Cúpula e do terreiro.
Pai Tuamba é o coordenador espiritual da Cúpula de Criação, ele é quem recebe as orientações de Pai Cacique e repassa para o Pai Tabapuã, dessa forma Pai Tabapuã dirige as orientações para o Pai Peri em Terra. Pai Tuamba é neto espiritual de Pai Cacique e raramente está presente nos trabalhos espirituais em terra devido a seus elevados serviços no astral superior.
Pai Pena Azul e Mãe Jucimara são auxiliares da Cúpula de Criação, eles transmitem as orientações de Pai Cacique e Pai Tuamba.
Pai Pena Azul é filho espiritual de Pai Tuamba e também genro espiritual de Pai Cacique. Nesta ordem “familiar” temos como companheira por afinidade espiritual de Pai Pena Azul a Mãe Jucimara e, desta “união espiritual” resultou uma filha, a Mãe Jandira. Podemos observar que Mãe Jandira não aparece no organograma como cabeça da Cúpula, mas também faz parte do projeto como uma das responsáveis espirituais na divisão de cura do terreiro.
Pai Potiguara é auxiliar para o envio de orientações da Alta Cúpula, também auxilia na chefia espiritual do terreiro, veio de outra taba (aldeia ou falange indígena) e tem como companheira por afinidade espiritual Mãe Jandira.
Pai Tabapuã é substituto direto de Pai Tuamba na coordenação da Cúpula, também é responsável espiritual nas reencarnações e no preparo dos médiuns que vão compor a corrente mediúnica do terreiro no futuro, raramente se manifesta incorporado em médiuns na terra, só em caso de extrema necessidade.
Pai Umuarama vem de outra taba (aldeia ou falange indígena) e compôs a Cúpula para cuidar da divisão de disciplina, tanto da Cúpula quanto do terreiro, raramente se manifesta na terra e quando vem é para fazer ajustes no âmbito disciplinar.
Pai Peri é o mentor espiritual geral do terreiro, bisneto espiritual de Pai Cacique e filho espiritual de Pai Potiguara e de Mãe Jandira.
Pai Peri também é encarregado pela orientação dos médiuns, pela liturgia do terreiro, além disso, é direcionador das orientações da Alta Cúpula de Criação do terreiro, vale a pena considerar que o campo de atuação desse caboclo é trabalhar como mentor espiritual do terreiro.
A palavra “Peri” significa planta lisa, delgada e flexível, portanto esta planta é considerada um vegetal. Pela lógica, sendo vegetal, o caboclo Peri é um caboclo de Pai Oxóssi, no campo de atuação também em Pai Oxóssi, então o Orixá regente do terreiro será Oxóssi. O Orixá que rege o terreiro não precisa ser necessariamente o Orixá de frente do Sacerdote, neste caso, por exemplo, Pai Peri deixou claro em suas manifestações que o Orixá regente do terreiro é Pai Oxóssi, no caso, seu Orixá sustentador.
Podemos observar no gráfico da Cúpula de Criação os mentores espirituais direcionadores ou auxiliares de Pai Peri que são o Pai Arariboia, Mãe Iracema, Pai Arruda, Pai Sete ondas, Pai Tupi e o Pai Sete Cachoeiras. Os direcionadores como o próprio nome já diz, auxiliam direcionando os trabalhos na terra, sob orientação e regência de Pai Peri. São auxiliares espirituais da chefia principal do terreiro.
Pai Tupinambá, Pai Pedra Grande, Mãe Ceci e Mãe Maria Dolores dão o apoio e a sustentação a este terreiro para o mentor espiritual do terreiro Pai Peri e os auxiliam diretamente sob orientação da Alta Cúpula do terreiro.
Pai Tupinambá é neto espiritual de Pai Sete Cachoeiras. Nesta ordem “familiar”, Pai Tupinambá tem como companheira por afinidade espiritual a Mãe Zuga e, desta “união espiritual” resultou um filho, o caboclo Pai Pele Vermelha. Toda falange de Pai Tupinambá auxilia indiretamente nesta Cúpula de Criação.
Pai Pedra Grande é um dos responsáveis pelos trabalhos de cura do terreiro ao lado de Pai Peri e de Mãe Jandira, Pai Pedra Grande também é neto espiritual de Pai Sete Cachoeiras e tem como Pais Espirituais: Pai Graúna e Mãe Jandira.
Mãe Maria Dolores é responsável pela equipe dos trabalhadores de cura e fluidificação à distância. Orienta e direciona essas equipes que se comparadas a trabalhadores da terra seriam os nossos enfermeiros, também coordena os trabalhos de psicografia, caso os espíritos comunicantes queiram se manifestar desta forma no terreiro. Mãe Maria Dolores é filha espiritual de Pai Sete Cachoeiras e nora espiritual de Pai Cacique é também companheira por afinidade espiritual de Pai Tupi e Mãe espiritual de Pai Tuamba.
Mãe Ceci é auxiliar na chefia deste terreiro, filha espiritual de Pai Potiguara e de Mãe Jandira, bisneta espiritual de Pai Cacique, consequentemente irmã espiritual de Pai Peri.
E ainda temos dezenas de centenas de caboclos que auxiliam indiretamente nesta Cúpula de Criação como o Pai Arajá, Mãe Indaiá, Pai Montanha, Pai Tabajara, Pai Acayama, Pai Rompe Mato, Pai Graúna, Pai Iruã, Mãe Tavira, Pai Carojó, Pai Tucanã e muitos outros.
O amor e a dedicação desses espíritos são admiráveis, sem eles não haveria no plano físico os nossos amados terreiros que são os espaços sagrados em terra.
O Grau dos Caboclos
O leitor deve estar se perguntando por que são os caboclos que formam a Cúpula de Criação.
Pois bem, este fato não é regra, porém ocorre em mais de noventa por cento dos casos, o leitor pode fazer uma pesquisa particular e irá constatar que é exatamente esta média de terreiros que foram fundados ou tem à frente o seu mentor espiritual um caboclo que consequentemente há por trás uma cúpula de caboclos ou então, há à frente um preto velho ou uma cúpula como esta que temos, como exemplo dos caboclos, formada por pretos velhos, e podemos chamar estes dois arquétipos na religião de Umbanda de pilares.
Esta forte influência do grau de caboclos vêm do passado, na fundação da Umbanda, onde o Caboclo das Sete Encruzilhadas se manifestou pela primeira vez no médium Zélio Fernandino de Moraes, no Rio de Janeiro.
Os caboclos ou homens nativos do Brasil como preferir, assumem a forma plasmada de um índio em homenagem ao povo nativo do Brasil, vale a pena ressaltar que nem todo caboclo foi de fato índio quando encarnado.
A começar do próprio fundador da religião de Umbanda, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, quando encarnado, foi um padre jesuíta no Brasil chamado Gabriel Malagrida, manifestou-se no médium Zélio Fernandino de Moraes, em 15 de novembro de 1908 ,no Rio de Janeiro, plasmado ainda como um jesuíta.
Durante aquela manifestação, um médium vidente, ao ver que era um jesuíta, questionou sua condição de membro do sacerdócio da Igreja Católica quando encarnado. Para surpresa de todos os assistentes e participantes daquela sessão, o padre respondeu com toda propriedade que sua condição de sacerdote, quando encarnado, não era importante, mas sim a evolução espiritual que conquistou no decorrer do tempo e se realmente precisassem de um nome para ele, deveria ser Caboclo das Sete Encruzilhadas, pois não haveria caminhos fechados para ele na fundação desta nova religião e que se chamaria Umbanda.
Os caboclos são espíritos caridosos e esclarecidos, sua falange é formada por afinidade de valores culturais e morais com um único propósito de auxiliar na evolução de encarnados e desencarnados.
O grau caboclo é um pilar na religião de Umbanda, assim como o preto velho. Segundo Pai Rubens Saraceni (in memoriam) há séculos, houve um momento em que os regentes planetários idealizaram uma estrutura de trabalho espiritual que reuniria espíritos desencarnados originários das mais diferentes religiões e culturas do planeta, arregimentados a partir de um determinado grau espiritual ético – moral e de conhecimentos.
O plano espiritual é muito organizado e diante da afinidade espiritual, as falanges de espíritos são formadas surgindo assim as Cúpulas de Criação para a fundação de novos terreiros de Umbanda.
Assim como nas demais linhas de trabalho na Umbanda que são várias de acordo com a vertente do terreiro, há espíritos que habitam no plano espiritual nas faixas vibratórias mais seis (+6) e ascendendo, já não têm mais um corpo plasmado em um arquétipo, sendo um plasma de luz, ou seja, energia pura e não se manifestam mais na Terra, estes formam a Alta Cúpula.
Outros habitam as faixas vibratórias mais quatro (+4) e mais cinco (+5) e inferiores, como podemos observar no organograma anterior, estes se manifestam na Terra e pertencem à Cúpula Intermediária. Os demais espíritos que vêm nos auxiliar, já pertencem à Cúpula de Apoio. Todos são espíritos maravilhosos com níveis evolutivos superiores aos encarnados na terra.
A falange de caboclos se une por afinidade, seja ela moral, cultural e até pela região espiritual abrangente. A região abrangente provém de milhares de colônias espirituais espalhadas pelo astral superior e cada colônia é responsável por uma região física na terra.
O leitor pode reparar em seu próprio terreiro esta questão da região espiritual dos caboclos, comece a reparar quando os caboclos desincorporam, os caboclos dizem: “vamos para Aruanda”, “vamos para cidade da Jurema”, “subir para Humaitá”, e por aí vai. Isto quer dizer que os caboclos terminaram seus afazeres em terra e vão se retirar do terreiro com destino para suas colônias espirituais.
Com a junção de todos estes fatores, Pai Cacique estruturou a Cúpula e deu início ao projeto do terreiro do qual vamos narrar a história neste livro.
Trabalho Espiritual da Cúpula
Ao desencarnar, os espíritos são atraídos para colônias espirituais das quais se assimila. A vida no mundo espiritual não é diferente do que acontece no plano físico, porém, é um estado muito mais adiantado do que o estado de evolução do plano físico.
Os espíritos recém – desencarnados assumem um novo estado de consciência, uma nova frequência de vibração e por afinidade se unem em prol de sua evolução que continua no plano espiritual.
Esses relatos levam o leitor a compreender melhor que uma Cúpula de Criação descrita neste livro, demora centenas de milhares de anos somente para se formar.
Os espíritos que formam esta estrutura espiritual, são dotados por uma imensa responsabilidade, experimentaram a vida material por centenas de vezes, até alcançarem um grau evolutivo que lhes permitam, hoje, condições especiais para sua evolução auxiliando os espíritos encarnados e desencarnados.
As colônias espirituais são localizadas fisicamente acima das cidades terrenas, em dimensões paralelas para todos os lados onde, nós, umbandistas, entendemos como o alto, o embaixo, à direita e esquerda, com diversos níveis de vibração, como podemos observar no gráfico em cruz no primeiro capítulo deste livro.
Estas estruturas espirituais são muito parecidas com as estruturas terrenas, porém, com outra frequência de vibração.
Os caboclos costumam denominar suas colônias com nomes indígenas e seus grupos como “Taba” (aldeia indígena) ou “falange” (agrupamento).
Dependendo do nível de evolução dos espíritos, eles têm o compromisso de não subirem a esferas superiores, abstendo-se de alçar voos a planos mais elevados, em prol da colônia da qual são pertencentes, até alcançarem por si só um nível de frequência evolutiva mais elevada e ascenderem naturalmente a planos superiores.
Através de muito trabalho e intensa dedicação, os espíritos vão conquistando espaços e evolução no plano espiritual.
Os espíritos, que estamos descrevendo neste livro, são muito mais evoluídos que nós, humanos encarnados. Esses espíritos já se encontram em condições de trabalhar, auxiliar, amparar, além de ajudar na evolução dos seres humanos. Lembrando que os espíritos, quando se propõem no auxílio dos encarnados, também evoluem nas escalas espirituais, assim é o ciclo da evolução espiritual, doar para receber.
A estruturação de uma falange e posteriormente de uma Cúpula de Criação não é nada fácil. O trabalho é árduo, requer muita responsabilidade e comprometimento por parte dos espíritos aparadores.
O espírito, líder do grupo por merecimento e conduta, é claro, recebe orientações da Alta Cúpula de espíritos e é através destas orientações iniciais que tudo começa.
Espíritos afins e já preparados para tal obras são selecionados, unem-se ao líder, formando um grupo que chamamos de falange, por sua vez esta falange traça as diretrizes dos seus projetos espirituais, dentre eles o projeto terreiro que sabemos que nada mais é que um pronto socorro espiritual na terra e através destas diretrizes iniciais é traçado todo o projeto, vale a pena ressaltar que este processo demora anos para chegar ao plano físico.
Todo esse projeto é supervisionado pelas esferas superiores e nada é implantado sem as devidas outorgas dos benfeitores mais elevados.
A disciplina é impecável neste nível de evolução espiritual, nenhum espírito vai ao alto sem a elevação moral justa nem embaixo para aplicação do projeto, sem a devida outorga das esferas superiores.
Depois de centenas de anos terrestres e com o projeto da Cúpula, outorgado pela Cúpula Superior, o projeto terreiro tem o seu início em terra.
TEXTO: PAI PEDRO SCÄRABÉLO (https://www.pedroscarabelo.com.br/)