A Religião de Umbanda e Sua História de Origem

Nascimento e Fundação da Umbanda por Alexandre Cumino

(Texto do Livro História da Umbanda. Ed. Madras)

A nova religião, a filha dileta dos Orixás, a Umbanda Sagrada, nasceu discretamente, foi aleitada nos seios generosos de Iemanjá e formosa como uma Oxum já se encontra. Mas é tão aguerrida como uma Iansã, tão curadora como um Ossaim, tão caçadora de almas como um Oxóssi, tão justiceira como um Xangô, tão caridosa como um Obaluaê, tão firme como um Ogum, tão punidora como um Omulu, ou mesmo tão consoladora como uma Nanã, o arquétipo ideal da velha e amorosa negra escrava, sempre pronta a sorrir ao ver seus netos crescendo na senzala. Mas nem tudo se passou assim, tão “naturalmente”. Pai Benedito de Aruanda psicografado por Rubens Saraceni.

Não basta dizer: Umbanda foi fundada dia 15 de Novembro de 2008, em solo brasileiro. É preciso fundamentar esta afirmação, onde, historicamente apresentam-se os fatos, que comprovam data e local, sociologicamente demonstra-se um novo grupo religioso que se movimenta, antropologicamente temos a produção de uma nova cultura. O que caracteriza a Umbanda é o encontro de diferentes fatores, criando algo único, um amálgama religioso. Para uns Umbanda era kardecismo-africanizado, para outros africanismo-embranquecido, no entanto, nem um nem outro, Umbanda é algo novo, que nasce neste solo brasileiro. Não é a religião de uma etnia (do negro, branco ou vermelho), mas o fruto do encontro delas, produzindo um sentido, que já não se explica mais pela raça, e sim pelo apelo que há na sua identificação com este povo brasileiro. Costumava-se caracterizar Umbanda como um sincretismo religioso, no entanto, novos estudos mostram que ela é a síntese do povo brasileiro,2 não é religião de matriz africana nem um conjunto de matrizes produzindo algo, e sim religião de “Matriz Religiosa Brasileira”.

Nascimento da Umbanda

Venho trazer a Umbanda, uma religião que harmonizará as famílias e há de perdurar até o fim dos tempos. Caboclo das Sete Encruzilhadas – 15 de Novembro de 1908

Falar do “Nascimento da Umbanda”5 é falar de um aspecto histórico, onde cabe relatar fatos que demonstrem este momento único, no contexto social-histórico, em que se manifestou a Umbanda em solo brasileiro. As primeiras tendas de Umbanda ganham destaque no Rio de Janeiro a partir da década de 20, e nos outros estados depois da década de 40 e 50. Assim, vamos nos localizando no tempo. Nina Rodrigues que publicou seus estudos sobre o negro africano e o negro brasileiro, depois de vasta e abrangente pesquisa de campo, até a data de 1900 não identificou a Umbanda, apenas algumas de suas ascendências, como vimos em

Rubens Saraceni. Os Guardiões dos Sete Portais. Ed. Madras, 2005. p.323 2 Renato Ortiz. A Morte Branca do Feiticeiro Negro. 1991. 3 Veja a definição no capitulo Um Olhar de Fora, em Eduardo LINARES, Ronaldo. Iniciação à Umbanda. São Paulo: Ed Madras, 2008. Veja o anexo “Umbanda fundada ou anunciada”. Daqui para frente onde citarmos a palavra Umbanda, lê-se “Religião de Umbanda”.

capítulo anterior. O Jornalista João do Rio, em 1904, empreende pesquisa de campo minuciosa identificando todas as religiões, seitas, expressões religiosas e ou espiritualistas no Rio de Janeiro e não encontra Umbanda.8

Casa da Família Moraes na qual se realizaram os primeiros trabalhos de Umbanda, em 1908. Imagem cedida por Diamantino Fernandes Trindade.

“A primeira Tenda de Umbanda é a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, fundada dia 15 de Novembro de 1908, por Zélio de Moraes e seu mentor espiritual, o Caboclo das Sete Encruzilhadas.”

Este relato chegou até nós por meio do Sacerdote de Umbanda Ronaldo Linares,9 colhido durante o período em que teve a oportunidade de conviver com Zélio de Moraes.10 Zélio afirmava que Ronaldo é quem tornaria sua história conhecida, Mãe Zilméia de Moraes Cunha afirma que ele é a pessoa mais indicada para falar sobre seu Pai.11 Ronaldo registrou os fatos narrados pelo “Pai da Umbanda”12 e comenta que “naquela época, década de 70, aqui em São Paulo, ninguém conhecia Zélio de Moraes”, alguns tinham ouvido falar, por alto de um fundador da religião no Rio de Janeiro. Linares já era umbandista nesta época e vinha procurando onde havia começado a Umbanda, na esperança de encontrar respostas para seus questionamentos. Foi então que chegou às suas mãos o exemplar de uma revista, Gira da Umbanda, com uma chamada exclusiva:

“Eu Fundei a Umbanda”

A revista foi editada por Atila Nunes Filho, ano 1 – numero1 – 1972, o título da matéria é A Umbanda Existe há 64 anos! Reportagem e fotos de Lília Ribeiro, Lucy e Creuza.

Esta entrevista é um dos poucos documentos autobiográficos do precursor da Umbanda no Brasil. Devido a sua importância, vejamos a entrevista na íntegra:

Nina Rodrigues identifica o Culto de Cabula, muito próximo à Umbanda, mas antes uma expressão da religiosidade banto com algumas influências do europeu, num sistema próprio, fechado e secreto, diferente da Umbanda. João do Rio. Religiões do Rio. LINARES, Ronaldo. Iniciação à Umbanda. São Paulo: Ed. Madras, 2008. 10 Veja o Capítulo “Zélio de Moraes e Caboclo das Sete Encruzilhadas” Segundo entrevista de Mãe Zilméia para o Jornalista Marques Rebelo, Revista Espiritual de Umbanda. 12 Forma carinhosa a que Ronaldo Linares costuma se referir a Zélio de Moraes

Cabelos grisalhos, fisionomia serena e simples, Zélio de Moraes, através do seu guia espiritual, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, só sabe praticar o amor e a humildade.“- Na minha família, todos são da marinha: almirantes, comandantes, um capitão-de-mar-e-guerra… Só eu que não sou nada…” – comentava sorrindo Zélio de Moraes, aos amigos que o visitavam, nessa manhã ensolarada. E a repórter, antes mesmo de se apresentar, retrucou: “- Almirantes ilustres, capitães-de-mar-e-guerra há muitos; o médium do Caboclo das Sete Encruzilhadas, porém, é um só”. Levantando-se, Zélio de Moraes – magrinho, de estatura mediana, cabelos grisalhos, fisionomia serena e de uma simplicidade sem igual – acolheu-me, como se fôssemos velhos conhecidos. Nesse ambiente cordial, sentindo-me completamente à vontade, possuída de estranho bem-estar, esquecendo, quase, a minha função jornalística, iniciei uma palestra, que se prolongaria por várias horas, deixando-me uma impressão inesquecível. Perguntei-lhe como ocorrera a eclosão de sua mediunidade e de que forma se manifestara, pela primeira vez, o Caboclo das Sete Encruzilhadas. “- Eu estava paralítico, desenganado pelos médicos. Certo dia, para surpresa de minha família, sentei-me na cama e disse que no dia seguinte estaria curado. Isso a foi a 14 de novembro de 1908. Eu tinha 18 anos. No dia 15, amanheci bom. Meus pais eram católicos, mas, diante dessa cura inexplicável, resolveram levar-me à Federação Espírita de Niterói, cujo presidente era o Sr. José de Souza. Foi ele mesmo quem me chamou para que ocupasse um lugar à mesa de trabalhos, à sua direita. Senti-me deslocado, constrangido, em meio àqueles senhores. E causei logo um pequeno tumulto. Sem saber por que, em dado momento, eu disse: “Falta uma flor nesta mesa; vou buscá-la”. E, apesar da advertência de que não me poderia afastar, levantei-me, fui ao jardim e voltei com uma flor que coloquei no centro da mesa. Serenado o ambiente e iniciados os trabalhos, verifiquei que os espíritos que se apresentavam aos videntes como índios e pretos eram convidados a se afastar. Foi então que, impelido por uma força estranha, levantei-me outra vez e perguntei por que não se podiam manifestar esses espíritos que, embora de aspecto humilde, eram trabalhadores. Estabeleceu-se um debate e um dos videntes, tomando a palavra, indagou: – “O irmão é um padre jesuíta. Por que fala dessa maneira e qual é o seu nome?” Respondi sem querer: – “Amanhã estarei em casa deste aparelho, simbolizando a humildade e a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas”. Minha família ficou apavorada. No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na Rua Floriano Peixoto, onde eu morava, no número 30. Parentes, desconhecidos, os tios, que eram sacerdotes católicos e quase todos os membros da Federação Espírita, naturalmente em busca de uma comprovação. O Caboclo das Sete Encruzilhadas manifestou-se, dando-nos a primeira sessão de Umbanda na forma em que, daí para frente, realizaria os seus trabalhos. Como primeira prova de sua presença, através do passe, curou um paralítico, entregando a conclusão da cura ao Preto Velho, Pai Antônio, que nesse mesmo dia se apresentou. Estava criada a primeira Tenda de Umbanda, com o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como a imagem de Maria ampara em seus braços o Filho, seria o amparo de todos os que a ela recorressem. O Caboclo determinou que as sessões seriam diárias; das 20 às 22 horas, e o atendimento gratuito, obedecendo ao lema: “daí de graça o que de graça recebestes”. O uniforme totalmente branco e sapato tênis. Desse dia em diante, já ao amanhecer havia gente à porta, em busca de passes, cura e conselhos. Médiuns que não tinham a oportunidade de trabalhar espiritualmente por só receberem entidades que se apresentavam como Caboclos e Pretos Velhos passaram a cooperar nos trabalhos. Outros, considerados portadores de doenças mentais desconhecidas, revelaram-se médiuns excepcionais, de incorporação e de transporte”. Citando nomes e datas, com precisão extraordinária, Zélio de Moraes relata o que foram os primeiros anos de sua atividade mediúnica. Dez anos depois, o Caboclo das Sete Encruzilhadas anunciou a segunda fase de sua missão: a fundação de sete templos de Umbanda e, nas reuniões doutrinárias que realizava às quintas feiras, foi destacando os médiuns que assumiriam a direção das novas tendas: a primeira, com o nome de Nossa Senhora da Conceição e, sucessivamente, Nossa Senhora da Guia, São Pedro, Santa Bárbara, São Jorge, Oxalá e São Jerônimo.“– Na época – prossegue Zélio – imperava a feitiçaria; trabalhava-se muito para o mal, através de objetos materiais, aves e animais sacrificados, tudo a preços elevadíssimos. Para combater esses trabalhos de magia negativa, o Caboclo trouxe outra entidade, o Orixá Male, que destruía esses malefícios e curava obsedados. Ainda hoje isso existe: há quem trabalhe para fazer ou desmanchar feitiçarias, só para ganhar dinheiro. Mas eu digo: não há ninguém que possa contar que eu cobrei um tostão pelas curas que se realizavam em nossa casa; milhares de obsedados, encaminhados inclusive pelos médicos dos sanatórios de doentes mentais… E quando apresentavam ao Caboclo a relação desses enfermos, ele indicava os que poderiam ser curados espiritualmente; os outros dependiam de tratamento material…” Perguntei então a Zélio, a sua opinião sobre o sacrifício de animais que alguns médiuns fazem na intenção dos Orixás. Zélio absteve-se de opinar, limitou-se a dizer:“- Os meus guias nunca mandaram sacrificar animais, nem permitiriam que se cobrasse um centavo pelos trabalhos efetuados. No Espiritismo não pode pensar em ganhar dinheiro; deve-se pensar em Deus e no preparo da vida futura.” O Caboclo das Sete Encruzilhadas não adotava atabaques nem palmas para marcar o ritmo dos cânticos e nem objetos de adorno, como capacetes, cocares etc. Quanto ao número de guias a ser usado pelo médium, Zélio opina:“- A guia deve ser feita de acordo com os protetores que se manifestam. Para o Preto Velho deve-se usar a guia de Preto Velho; para o Caboclo, a guia correspondente ao Caboclo. É o bastante. Não há necessidade de carregar cinco ou dez guias no pescoço…” Considera o Exu um espírito trabalhador como os outros:“- O trabalho com os Exus requer muito cuidado. É fácil ao mau médium dar manifestação como Exu e ser, na realidade, um espírito atrasado, como acontece também na incorporação de Criança. Considero o Exu um espírito que foi despertado das trevas e, progredindo na escala evolutiva, trabalha em benefício dos necessitados. O Caboclo das Sete Encruzilhadas ensinava o que Exu é, como na polícia, o soldado. O chefe de polícia não prende o malfeitor; o delegado também não prende. Quem prende é o soldado que executa as ordens dos chefes. E o Exu é um espírito que se prontifica a fazer o bem, porque cada passo que dá em benefício de alguém é mais uma luz que adquire. Atrair o espírito atrasado que estiver obsedando e afastá-lo, é um dos seus trabalhos. E é assim que vai evoluindo. Torna-se, portanto, um auxiliar do Orixá.”

CINQUENTA ANOS DE ATIVIDADE MEDIÚNICA:

Relembrando fatos passados em mais de meio século de atividade espiritualista, Zélio refere-se a centenas de tendas de Umbanda fundadas na Guanabara, em São Paulo, Estado do Rio, Minas, Espírito Santo, Rio Grande do Sul. A Federação de Umbanda do Brasil, hoje União Espiritista de Umbanda do Brasil, foi criada por determinação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, a 26 de agosto de 1939. Da Tenda Nossa Senhora da Piedade saiam constantemente médiuns de capacidade comprovada, com a missão de dirigirem novos templos umbandistas; entre eles, José Meireles, na época deputado federal; José Álvares Pessoa, que deixou uma

lembrança indelével de sua extraordinária cultura espiritualista; Martinho Mendes Ferreira, atual presidente da Congregação Espírita Umbandista do Brasil; Carlos Monte de Almeida, um dos diretores de culto da T.U.L.E.F.; João Severino Ramos, trabalhando ainda hoje, ativamente, inclusive na Assessoria de Culto do Conselho Nacional Deliberativo da Umbanda. Outros, fugindo às rígidas determinações de humildade e caridade do Caboclo das Sete Encruzilhadas, desvirtuaram normas do culto. Mas a Umbanda, preconizada através da mediunidade de Zélio de Moraes, difundiu-se extraordinariamente, e hoje podemos encontrar suas características em tendas modestas e nos grandes templos, como os Caminheiros da Verdade e a Tenda Mirim, nos quais a orientação de João Carneiro de Almeida e Benjamin Figueiredo mantém elevado nível de espiritualidade, no Primado de Umbanda, uma das mais perfeitas entidades associativas da nossa Religião. Durante mais de cinquenta anos, o Caboclo das Sete Encruzilhadas dirigiu a Tenda Nossa Senhora da Piedade; após esse tempo, passou a direção à filha mais velha do médium, dona Zélia, aparelho do Caboclo Sete Flechas. Entretanto, Pai Antônio continua trabalhando, na cabana que tem o seu nome, localizada num sítio maravilhoso, em Cachoeiras de Macacu. O Caboclo manifesta-se ainda em datas especiais, como foi, por exemplo, o 63º aniversário daquela tenda. Da gravação feita durante a celebração festiva, reproduzimos para os leitores o trecho final da mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas:“ A Umbanda tem progredido e vai progredir muito ainda. É preciso haver sinceridade, amor de irmão para irmão, para que a vil moeda não venha a destruir o médium, que será mais tarde expulso, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. É preciso estar sempre de prevenção contra os obsessores, que podem atingir o médium. É preciso ter cuidado e haver moral, para que a Umbanda progrida e seja sempre uma Umbanda de humildade, amor e caridade. Essa é a nossa bandeira. Meus irmãos: sede humildes, trazei amor no coração para que pela vossa mediunidade possa baixar um espírito superior; sempre afinados com a virtude que Jesus pregou na Terra, para que venha buscar socorro em vossas casas de caridade, todo o Brasil… Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humilde manjedoura, não foi por acaso, não. Foi o Pai que assim o determinou. Que o nascimento de Jesus, o espírito que viria traçar à humanidade o caminho de obter a paz, saúde e felicidade, a humildade em que ele baixou neste planeta, a estrela que iluminou aquele estábulo, sirva para vós, iluminando vossos espíritos, retirando os escuros da maldade por pensamento, por ações; que Deus perdoe tudo o que tiverdes feito ou as maldades que podeis haver pensado, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares. Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos espíritos que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos curados e a saúde para sempre em vossa matéria. Com o meu voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e serei sempre o humilde CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS.

Após a leitura desta matéria, Pai Ronaldo Linares, que se tornaria presidente da Federação Umbandista do Grande ABC e responsável pelo Santuário Nacional da Umbanda (www.santuariodaumbanda.com.br), empreendeu uma verdadeira aventura para encontrar quem de fato seria o Pai da Umbanda. Ele conta em detalhes este momento marcante de sua vida, que toma novo sentido depois de conhecer Zélio de Moraes.

Dona Izabel, Zélio de Moraes e Ronaldo Linares, Foto Norma Linares. Ocasião do primeiro encontro entre Ronaldo Linares e Zélio de Moraes.

É sabido ainda que antes de participar da sessão espírita no dia 15 de Novembro de 1908, Zélio já havia sido encaminhado a um médio da família, Dr. Epaminondas, diretor de um hospício. Não identificando nada que pudesse encontrar cura na medicina, o jovem foi então dirigido a outro parente, um padre que se encarregaria de exorcizá-lo, sem no entanto encontrar resultados para os “ataques” que o mesmo vinha sofrendo. Segundo Mãe Zilméia, seu pai também foi levado por sua avó a uma benzedeira que incorporava um espírito de um negro ex-escravo de nome “Tio Antônio”. Também ressalto a afirmação do Caboclo das Sete Encruzilhadas em que revela ser Gabriel de Malagrida, frei católico queimado na Inquisição. Este fato diria muito a respeito das entidades que se manifestam na Umbanda, como uma oportunidade de escolher a forma em que querem se apresentar, independente das várias personalidades construídas por todos nós ao longo das muitas encarnações vividas aqui na Terra. Apresentar-se como Caboclo ou Preto-velho é antes de tudo uma opção e não necessariamente o apego ou imposição de uma certa vida marcada no espírito do comunicante.

Gabriel de Malagrida

Zélio de Moraes nasceu dia 10 de Abril de 1891 e desencarnou dia 3 de setembro de 1975, trabalhando mediunicamente de forma ininterrupta por 66 anos, prestando a caridade espiritual e muitas vezes material também, seguindo à risca o lema do Caboclo das Sete Encruzilhadas, “Umbanda é a manifestação do espírito para a prática da caridade”..

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